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quinta-feira, março 05, 2015

Já ouviram falar no Chico Doceiro, de Tiradentes?


Visitar Tiradentes e não visitar o Chico Doceiro é como ir a Roma e não ver o Papa! Seu Chico, como o apelido menciona, é dono de uma loja de doces na cidade histórica. Doces esses, é bom que fique claro, dos mais simples: brigadeiro, cocada, cajuzinho, canudinho, de banana, de leite, de goiaba, de abóbora, e por aí vai. Nada de doce metido a besta. Só aqueles que nos acompanham desde a infância e que nos enchem de boas recordações. É a  melhor doçura de Tiradentes, sem dúvidas! 


A loja também é simples: uma quitandinha escondida nos arredores do centro histórico de Tiradentes, numa garagem improvisada com algumas mesinhas, um balcão, uma vitrine, uma geladeira e só. Os doces, deliciosos, são acomodados em pratinhos de papelão cobertos com plásticos e embrulhados com papel cinza. Um lugar a moda antiga, onde ainda se amarra os embrulhos com barbante.


Seu Chico é daqueles mineiros que bastam um fio de conversa para ele fazer conhecer toda sua vida. Ele faz doces há cinquenta anos. No início, fazia apenas canudinho recheado com doce de leite e por encomenda.  Teve sorte: a primeira massa de canudinho que fez deu certo. Naquele tempo, abria a massa com uma garrafa. Hoje, há máquinas para fazer isso.

      Foto: Matraqueando

Prepara os doces com muito amor, feitos somente com leite e açúcar, nada de conservantes, bem na tradição dos doces mineiros.... Mexendo com a colher de pau o famoso doce de leite no tacho de cobre sobre o fogo à lenha, ele fala sobre esta tradição da família que atravessa suas gerações enquanto nos serve com um sorriso simples de alguém que atravessou as fronteiras, fazendo muita gente esquecer a dieta ou deixá-la para depois, afinal estamos em Tiradentes. Conversar com Seu Chico é conhecer o que é educação, delicadeza, calma e simpatia. Naquela lojinha não se pode ter pressa ou impaciência. Tem que entrar no ritmo, ou seja, tranquilidade e muita calma. De quebra você ainda pode vê-lo preparando suas delícias.


 Dica: Visitando Tiradentes, não deixe de ir lá. E se puder, vá no período da manhã, porque você encontra maior variedade de doces e acabam rápido! E se for passar o fim de semana, a dica é encomendar  no sábado e pegar os doce no domingo, já embrulhados para viagem.


Fonte: artigos públicos e jornais

Assista ao vídeo e conheça o Seu Chico: https://www.youtube.com/watch?v=Q03yusn5qY0

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Coisas que todo mineiro sente falta quando sai de Minas Gerais



Uma divertida lista (e um pouco exagerada!) que a  Buzzfeed preparou, sobre o sentimento de ser mineiro e a saudade que sente de casa:

1. Acordar com o galo do vizinho berrando.

2. Ouvir causos estrambólicos que seu tio escutou da sua prima, que ouviu da vizinha da irmã e te contou, “mas pelo amor de Deus não conta pra ninguém, porque ninguém aqui gosta de conversa fiada”.

3. Dar uma volta pelo coreto da cidade.

4. Ser benzido pela tia-avó ou outro parente distante.


5. Ouvir carretas de som na rua e não se incomodar com o barulho.

6. Visitar cidades com nomes incríveis como: Curraleiro, Formiga, Brejão, Monjolinho e Quintinos.

7. Alguém puxar uma moda de viola, o outro continuar, aí aparece um violão e de repente está todo mundo cantando apaixonado.

     Foto Gazeta

8. Presenciar uma discussão acalorada entre atleticanos e cruzeirenses.


9. Não tem praia? Bóra pra represa/rio/lagoa/córrego.

10. Ficar na porta de casa vendo as pessoas passarem.

11. E de repente passar uma carroça na rua.

12. E logo depois uma galinha perdida.

13. Toda esquina tem uma sorveteria recheada de sabores exóticos. Sabores: Pavê da vovó, palha italiana, alfajor, banana flambada e mousse de cereja.

    dzai.com.br

14. Chamar um desconhecido para dançar forró e ele aceitar.

15. Xingar alguém chato de “burricido” ou “íngua”.

16. Chamar homem de “sô” e mulher de “sá”.

17. Visitar a “trabanda” (outra banda) da cidade.

18. Falar “trem” e “uai” sem parecer um piadista.

19. Comer carne de lata.


20. Reclamar que uma pessoa está te “ridicando” (regulando) comida.

21. Falar “bobajada” e “bubiça” (besteiras).

22. “Remedar” (imitar) alguém só pra irritar.

23. “Brear” pão de queijo com “dôdileite” (passar doce de leite no pão de queijo).

      Foto: Giassi

24. Falar “Berlândia”, “Beraba” e “Berlizonte”.

25. Soltar um “ah neeeeim” bem injuriado.

26. Ter uma parente biscoiteira sempre disposta.

27. Comer biscoito frito, broa e pão de queijo, tudo “fresquim”.


28. Comer aquele “franguim” caipira com um “quiabim”.



29. Apreciar um doce de leite feito apenas com leite e açúcar, nada de leite condensado.


30. Saborear doces caseiros como ameixa de queijo, doce de casca, doce de mamão verde e de cidra.



31. Tomar um “cafézim” em toda casa que visitar. Se forem 20 casas, serão 20 “cafézins”.


32. Viver a triste realidade que nenhuma comida é boa como a de Minas Gerais!



quinta-feira, agosto 01, 2013

Ser Mineiro e Falar Uai...



 SER MINEIRO - Frei Betto (trechos) 
Como todo mineiro é um pouco filósofo, há um mistério sobre o qual medito há anos: o que é ser mineiro?

De reflexões e inflexões que extraí sobre a mineirice - muitas delas colhidas de metafísicas inscrições em rótulos de cachaça e quinquilharias de beira de estrada - eis as conclusões a que cheguei:

Mineiro a gente não entende - interpreta.
Mineiro não é contra nem a favor; antes, pelo contrário. Aliás, mineiro não fala, proseia. Toca em desgraça, doença e morte e vive como quem se julga eterno. Chega na estação antes de colocarem os trilhos, para não perder o trem. E, na hora em embarque, grita para a mulher, que carrega a sua mala: "Corre com os trens que a coisa já chegou!"
Mineiro, quando viaja, leva de tudo, até água para beber. E um coração carregado de saudades.
Relógio de mineiro é enfeite. Pontual para chegar, o mineiro nunca tem hora para sair. A diferença entre o suíço e o mineiro é que o primeiro chega na hora. O mineiro chega antes.
O bom mineiro não laça boi com embira, não dá rasteira em pé de vento, não pisa no escuro, não anda no molhado, só acredita em fumaça quando vê fogo, não estica conversas com estranhos, só arrisca quando tem certeza, e não troca um pássaro na mão por dois voando.
Ser mineiro é sorrir sem mostrar os dentes, ter a esperteza das serpentes e fingir a simplicidade das pombas, fazer de conta que acredita nas autoridades e conspirar contra o governo.
Mineiro foge da luz do sol por suspeitar da própria sombra, vive entre montanhas e sonha com o mar, viaja mundo para comer, do outro lado do planeta, um tutu de feijão com couve picada.
Mineiro sai de Minas sem que Minas saia dele. Fica uma saudade forte, funda, farta e fértil.
Enquanto outros não conseguem, mineiro num dá conta. Nem paquera, espia. Não arruma briga, caça confusão. E mineira não se perfuma, fica cheirosa.
Ser mineiro é venerar o passado como relíquia e falar do futuro como utopia, curtir saudade na cachaça e paixão em serenatas, dormir com um olho fechado e outro aberto, suscitar intrigas com tranqüilidade de espírito, acender vela à santa e, por via das dúvidas, não conjurar o diabo.
Mineiro fala de política como se só ele entendesse do assunto, faz oposição sem granjear inimigos, gera filhos para virar compadre de político.
Ser mineiro é fazer a pergunta já sabendo a resposta, ter orgulho de ser humilde, bancar a raposa e ainda insistir em tomar conta do galinheiro.
Cabeça-dura, o mineiro tem o coração mole. Acredita mais no fascínio da simpatia que no poder das idéias. Fala manso para quebrar as resistências do adversário.
Mineiro é isso, sô! Come as sílabas para não morrer pela boca. Faz economia de palavras para não gastar saliva. Fala manso para quebrar as resistências do interlocutor. Sonega letras para economizar palavras. De vossa mercê, passa pra vossemecê, vossência, vosmecê, você, ocê, cê e, num demora muito, usará só o acento circunflexo!
Mineiro fala um dialeto que só outro mineiro entende, como aquele sujeito que, à beira do fogão de lenha, ensinava o outro a fazer café. Fervida a água, o aprendiz indagou: "Pó pô pó?" E o outro respondeu: "Pó pô, pô".
Ser mineiro é comer goiabada de Ponte Nova, doce de leite de Viçosa, queijo do Serro, requeijão de Teófilo Otoni e lingüiça de Formiga, tudo regado a pinga de Salinas.
É cozinhar em fogão de lenha com panela de pedra sabão.
Ser mineiro é acreditar mais no fascínio da simpatia que no poder das idéias. É navegar em montanhas e saber criar bois, filhos e versos.
Praia de mineiro é barzinho e, sua sala de visitas, balcão de armazém e cerca de curral. Ali a língua rola solta na conversa mole, como se o tempo fosse eterno. Certo mesmo é que o momento é terno.
Mineiro vai a enterro para conferir quem continua vivo. Nunca sabe o que dizer aos parentes do falecido, mas fica horas na fila de cumprimentos para marcar presença.
Não manda flores porque desconfia que a flora embolsa a grana e não cumpre o trato.
Mineiro só elogia quando o outro virou defunto. E fala mal de vivo convencido de que está fazendo o bem.
Ser mineiro é esbanjar tolerância para mendigar afeto, proferir definições sem se definir, contar casos sem falar de si próprio, fazer perguntas já sabendo as respostas.
Mineiro é feito pedra preciosa: visto sem atenção não revela o valor que tem, pois esconde o jogo para ganhar a partida e acredita que a fruta do vizinho é sempre mais gostosa.
Pacífico, mineiro dá um boi para não entrar na briga e a boiada para continuar de fora. Mas, se pisam no calo do mineiro, ele conjura, te esconjura, jurado e juramentado no sangue de Tiradentes.
Mineiro é como angu, só fica no ponto quando se mexe com ele.
Em Minas, o juiz é de fora, o mar é de Espanha, os montes são claros, a flor é viçosa, a ponte é nova, o ouro é preto, é belo o horizonte, o pouso é alegre, as dores são de indaiá e os poços de caldas.
"Minas Gerais é muitas", como disse Guimarães Rosa. É fogão de lenha e comida preparada em panela de pedra sabão; turmalina e esmeralda; tropa de burro e rios indolentes chorando a caminho do mar; sino de igreja e tropeiros mourejando gado sob a tarde incendiada pelo hálito da noite.
Minas é Mantiqueira e serrado, Aleijadinho e Amílcar de Castro, Drummond e Milton Nascimento, pão de queijo e broa de fubá.
Minas é uma mulher de ancas firmes e seios fartos, sensual nas curvas, dócil no trato, barroca no estilo e envolta em brocados, ostentando camafeus.
Minas é saborosamente mágica.
Ave, Minas! Batizada Gerais, és uma terra muito singular.